O que é vertigem? Medo de cair? Mas porque temos vertigem num mirante cercado por uma balaustra sólida?
Vertigem não é o medo de cair, é outra coisa.
É a voz do vazio debaixo de nós, que nos atrae e nos envolve, é o desejo da queda do qual nos defendemos aterrorizados.

Milan Kundera

Somente no amor gostamos de ver alguém mais feliz do que nós mesmos...

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

A Saga do Menino Diamante | Rael - Nhocuné Soul

A Guerra do Fim do Mundo - Mario Vargas Llosa

"Seu rosto se ensombrecia com uma dor de retirante a quem a seca matou os filhos e animais e privou de bens, e agora precisa abandonar sua casa, os ossos dos seus mortos, para fugir, fugir, sem saber para onde. Às vezes chorava, e no pranto o fogo negro dos seus olhos recrudescia em terríveis cintilações. Começava logo a rezar. Mas não como rezam os outros homens ou mulheres: deitava-se de bruços na terra ou nas pedras ou nas lajes lascadas, bem diante de onde era ou tinha sido ou deveria ser o altar, e orava, às vezes em silêncio, às vezes em voz alta, uma, duas horas, observado com respeito e admiração pelos moradores".

FANTÁSTICO! ... EMOCIONANTE!!!!!

Publicado em 1981, este romance de autoria do peruano Mario Vargas Llosa narra a história da Guerra de Canudos, mesclando personagens reais e fictícios.
Antônio Conselheiro, líder do levante, fundamentalista religioso, é descrito com base em elementos retirados do clássico brasileiro "Os Sertões", de Euclides da Cunha. Mario Vargas Llosa passou vários meses no sertão de Canudos, procurando inspiração e escrevendo os primeiros rascunhos do romance. Inspirado nos fatos históricos da Guerra de Canudos e contendo uma riqueza de detalhes sobre a vida do sertão baiano, o livro não deve, porém, ser confundido com uma fonte histórica. Tanto a história quanto os personagens foram ficcionalizados.

O Anti-Cristo nasceu
Para o Brasil governar
Mas aí está O Conselheiro
Para dele nos livrar.
.

O Anti-Cristo no livro é a REPÚBLICA!

MAS CONTRA TODA E QUALQUER ORDEM DOMINANTE
ESTADO E RELIGIÃO SÃO OPOSIÇÕES À LIBERDADE E RAZÃO



"As pessoas vão à igreja pelos mesmos motivos que vão à taverna: para estupefazerem-se, para esquecerem-se de sua miséria, para imaginarem-se, de algum modo, livres e felizes".
"Não há nada tão estúpido como a inteligência orgulhosa de si mesma".

BAKUNIN

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

... outro dia! ... estou caminhando!

Eu passei por quatro escolas desde que sou professora! Tive festas em todas elas! E isso sempre foi muito bom! Os alunos, nos discursos sempre repetem que os "trato como pessoas" ... estranho, néh? ... são pessoas, não são? Mas tudo bem!
Hoje, ganhei uma homenagem de uma das salas que dou aula! Meu contrato está pra terminar e eles queriam se despedir! Ganhei uma festa até com frase em bolo!
Uma aluna fez discurso e falou que serei a professora da vida dela, pois nunca se esquecerá de mim! Outros queriam fazer manifestação pra que eu ficasse! Muito bom, néh?
Eu andava mesmo com a cabeça baixa e o pensamento longe nestes últimos dias! O coração apertado! E angustiada demais pra sorrir! ... ainda não estou bem como antes e talvez nunca mais esteja! Cortaram uma das minhas raízes, mas as lembranças, que foi o que me restou, não podem ser roubadas! Guardarei esta minha raiz e o que ela me ensinou, e que aprendi sim, apesar de não parecer, no coração e na lembrança!
A festa dos meus alunos, o respeito deles, o discurso de alguns, e tantos outros do lado de fora querendo se despedir de mim renovaram minhas esperanças na vida e no meu trabalho de formiguinha!
Cinco meses de aulas de História e Filosofia, e ganhei uma festa totalmente surpresa e eles ainda vão ao teatro comigo no sábado que vem! Estas pequenas coisas, como disse um dos colegas de trabalho na hora, é que fazem a gente acreditar no que faz e ser feliz!
Se uns não percebem sua dedicação, e lealdade, outros talvez pros quais você tenha se doado bem menos, te respondem com gratidão e renovam sua fé!
Isso é fé! ... fé na vida!
Acredito mesmo que uma aula muda um aluno ... e que é só questão de atingir o ponto exato, perceber a hora ou a fala certa! Ser professor é sacerdócio e a vida é uma surpresa! Estou feliz agora! ... e queria compartilhar!
Obrigada aos meus alunos pela festa!
... aos colegas de trabalho por me admirarem nesta hora, e assim a todos que hoje me reergueram, até sem saber, num momento de solidão e de desprezo por outros que não ficaram do meu lado!
Vai passar ... hoje, agora, sei que minha tristeza e dor vai passar! ... que fiz sempre o meu melhor e que erros todos cometem, até erros infelizes e desproporcionais, pois errar faz parte do aprendizado humano! Sou humana!
Sei que ainda devo aprender a aceitar as pessoas como elas são e com o pouco que podem me dar! Sei que devo ficar feliz com minhas conquistas mesmo que elas pareçam pequenas ... e hoje senti isso bem! 
... sempre vou lembrar de quem me disse isso!

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

... hoje! Acho que isto é uma oração!

Hoje, eu liguei pra minha mãe! Ouvi a voz dela, quase irreconhecível, pois, fazia muito tempo que eu não ligava, e depois desliguei! Chorei quase a tarde toda! Queria tanto voltar pra casa. A casa que larguei aos dezessete anos!  ... e tudo está como ontem! Cigarro atrás de cigarro, insônia, solidão quase insuportável ... culpa e raiva por tantas e tantas vezes não ter conseguido dizer não! ... nunca consigo deixar uma pessoa sem a minha atenção, sem uma resposta, com alguma dúvida, e nunca sou nada pra ninguém!
Porque me doei, ou melhor, porque andei lado a lado?
Ninguém nunca faz isso!
... porque me dou tanto para as pessoas? 
Só sei que voltei a querer saber novamente qual o sentido de toda esta vida amarga e sozinha!
Tão diferente de todos!
Não vai dar pra ser feliz! Dessa vez não!
To largando tudo! ... voltando pra casa que tenho hoje, desistindo de amanhã, porque não consigo acreditar mais!
A revolução e a felicidade são as idéias mais mentirosas que nos vendem! Quem não acredita não revoluciona nada e quem está vazio jamais será feliz!
Quando a gente perde o que quer que seja, quando decide que perdeu e desisti de lutar, todas as nossas perdas são potencializadas.
Desde os meus 14 anos, quando perdi meu pai, eu tive vontade de morrer todos os dias. Foi por isso que meu pessimismo se estabeleceu e se definiu neste tempo como parte da minha personalidade. Às vezes irônico, às vezes sórdido! Tinha me esquecido como é ter esta vontade! Tinha esquecido como é acordar de manhã sem ter motivo pra levantar. Tinha esquecido a dor de todas as dúvidas que trago no estômago, o gosto amargo do não "ver sentido", e me esqueci do medo que tinha antes, de quando fechava os olhos e não percebia qual a razão da vida que pulsava em mim.
Minha tristeza ta me engolindo e estou fazendo o caminho de volta de tudo o que tinha construído, e derrubando tudo que se tinha feito verdadeiro. Sinto raiva e desesperança em cada esquina que meu ônibus pára, nas quais meus olhos vêem hoje, que nunca nada vai mudar porque deixei de acreditar em toda vida que tinha aprendido a respeitar nos últimos tempos.
Tantos livros ... tantas palavras pra nada mais poder mudar porque não consigo acreditar! Quando deixei ou porque deixei que a vida me fizesse adulta tão rápido?
... queria voltar a ser criança!  Andava tão bem de bicicleta! Subia em árvore e jogava bolinha de gude como um moleque! É tão fácil ser homem neste mundo machista no qual tudo é descartável quando não tem mais utilidade!
Lembro como empinava pipa ... mas, tola, decidi que queria crescer, ser adulta e saí de casa! Saí de casa pra me doar pra um mundo que não me enxerga! No fim, de tudo, em toda situação que vivi, vejo que nunca encontrei pessoas diferentes umas das outras, e que só o que sempre resta é eu mesma lembrando que devia ter sido menos dedicada aos que cruzam meu caminho!
Quando quiz erroneamente crescer deixei minha mãe, meus irmãos, neste tempo meu pai já estava longe, e nem lembrava mais de mim ... é tão triste ser esquecida! ... é tão dolorido lembrar a cada instante que fecho os olhos que nada valeu a pena! ... ou que nada valerá a pena amanhã! Dessa vez tá quase sem sentido tentar aguentar o compasso da vida!
Esta não tem razão de ser!
Deus, se é que eu acredito nele, pra além da minha mania de me anular pelos outros, de me fazer presente, ser necessária, me doar, dividir ... olha de onde estiver por mim, pra que eu possa dormir hoje!

domingo, 25 de setembro de 2011

20/09 ... o que escrevo aqui não muda nada! ... nem quero que mude!

Sempre pensei que se escrevo tenho de escrever com o coração. Hoje, e neste momento na verdade, vejo que isto é muito difícil, e talvez estive mentindo pra mim mesma este tempo todo, pois palavras, mesmo as infelizes, brotam muito mais da razão, mesmo uma razão sem clareza, ou escrúpulo, do que do coração. Hoje, meu coração, este coração destruído que não importa qual seja, de amigo ou inimigo, não consegue falar. Estando, neste momento da minha vida, minha razão tão abalada quanto meu coração, e sabendo mais do que ontem que a insanidade gera conflito, dor, distância e miséria em mim e à minha volta, preciso, mais do que posso, tentar falar pela razão. 

Como vou escrever? Quero, preciso escrever porque se não escrever eu não durmo, não penso, não sinto a vida, que, aliás, hoje ta passando mais lenta e inerte do que nunca, não sobrevivo se não conseguir rasgar a minha alma em palavras, mesmo que estas não sejam jamais compreendidas nem por mim.

Em algum lugar eu li que ser mesquinho é pensar só em si, e sendo assim, portanto, uma atitude mesquinha é aquela que não considera os outros.

Sinto vergonha da minha mesquinhez, que na melhor das definições agora se faz amarga. Uma mesquinhez que se fez fruto da minha insanidade, temporária ou não, da minha falta de razão e que abalou, destruiu o que pensei ser inabalável.

Mas, apesar de toda, e qualquer consciência que tenha sobre meus erros, não posso não ver, ou não dizer o quanto é asfixiante ver o como nos repetimos.

Nós sempre acreditamos que só nós temos direito a reação, e que só nossa reação pode ser desproporcional de forma legítima, pois cabe ao outro conter-se, e assim, esperamos que só a reação do outro seja uma reação pensada, medida na compaixão que se deve ter pela vida. Tornamo-nos incapazes de compreender, de nos colocarmos no lugar do outro. E de assim, perdoar. 

E o outro insensato, movido na sua raiva, na sua decepção, e modificado na sua dor, por sua vez pensa que aquilo que pra ele é inabável, é, ou será inabável eternamente, e que não será julgado nunca pela sua mesquinhez ou falta de sanidade.

Em resumo, na vida vivemos perdendo, e muitas vezes em meio às nossas perdas, perdemos também a razão, mas tudo bem porque de certa forma perdemos tudo o que importa, inclusive e muitas vezes o riso, o momento e a paz. 

Tristemente, ou humanamente, nesta vida mais perdemos do que ganhamos, porque na primeira curva, tropeção, pedra no caminho, escorregão, falta, julgamos que ser ponderado, ou não ser mesquinho só depende dos outros e não de nós.

Não precisamos parar um momento que seja, e exercitar a alma no esforço de analisar o quanto nos foi dado conhecer de alguém ou o quanto este alguém nos foi leal, mesmo que não tenhamos inumeras vezes correspondido à sua lealdade, tantas vezes até canica, pra se saber se este alguém merece nossa compaixão nas suas faltas e nos seus erros. Nos seus destemperos tão comuns nesta vida sufocante. Não depende de mim mais porque o mesquinho passa a ser o outro, e nada mais importa.

Ser mesquinho é não dividir. Sou mesquinha, penso e ajo mesquinhamente muitas e muitas vezes pois sou humana. Mas mesmo com minha mesquinhez inata, eu sempre dividi meu riso e alegria, minha alma, meu coração, meu conhecimento, minha opinião, meu sono, meus medos e dores, meu receio, minhas perdas e vitórias, meu sonho e vida com quem conseguiu tocar minha alma, e que estranhamente, sempre existirá  em mim.

Sou mesquinha, pois estou viva e sou um ser em eterna construção. O homem se faz no conflito. E eu mais do que todos vivo, por ser humana, e por pensar demais, em um conflito constante pra não me deixar abater pela hipocrisia e miséria das faltas e mentiras dos outros.

Nunca nada doeu tão forte dentro de mim como neste momento, que se fecho os olhos, sinto meu peito apertado, e meu estômago gritando no compasso da minha cabeça que não pára de pensar pela tristeza que não consigo sufocar. A única saída que vejo, pra conseguir esquecer, e diminuir o meu vazio é me esconder do mundo, me fechando pra sempre, e fugir da estranha mania que tenho de tentar consertar meus erros inescrupulosos e imperdoáveis!

"Por Onde Andei - Nando Reis"

Cordel do Fogo Encantado - Dos três mal-amados / Palavras de Joaquim

sábado, 24 de setembro de 2011

... este poema resume muito do que estou sentindo!

Quando depositamos muita confiança ou expectativas em uma pessoa, o risco de se decepcionar é grande. As pessoas não estão neste mundo para satisfazer as nossas expectativas, assim como não estamos aqui, para satisfazer as dela.
Temos que nos bastar... nos bastar sempre e quando procuramos estar com alguém, temos que nos conscientizar de que estamos juntos porque gostamos, porque queremos e nos sentimos bem, nunca por precisar de alguém.
As pessoas não se precisam, elas se completam... não por serem metades, mas por serem inteiras, dispostas a dividir objetivos comuns, alegrias e vida.
Com o tempo, você vai percebendo que para ser feliz com a outra pessoa, você precisa em primeiro lugar, não precisar dela. Percebe também que aquela pessoa que você ama (ou acha que ama) e que não quer nada com você, definitivamente, não é o homem ou a mulher de sua vida.
Você aprende a gostar de você, a cuidar de você, e principalmente a gostar de quem gosta de você.
O segredo é não cuidar das borboletas e sim cuidar do jardim para que elas venham até você.
No final das contas, você vai achar não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você!


Borboletas - Mário Quintana

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

... mais nada além de mim!

Meu sono geralmente é um sono tenso, e para potencializar mais ainda a vida, e o meu característico desespero diante dela, tive um sonho tenso, e acordei cansada.
Diversas vezes digo que gostaria de ser uma pessoa comum. Acordar na minha casa comum, tomar meu café comum, meu banho comum, vestir minha roupa comum, pegar meu ônibus comum, ir pro meu trabalho comum, e a noite voltar pra minha vida comum, fazer um sexo comum, e esperar pelo próximo dia comum. Pensar é o maior fardo que carrego, porque meu pensar se opõe a vida comum que me obrigam a levar.
Continuo daqui a pouco... é que to no horário do café!

Voltei... então eu dizia...

Eu poderia comprar um bilhete de loteria comum, que é o sonho comum de todas as pessoas comuns que conheço, e este ser um bilhete premiado pra que eu pudesse ficar sem fazer nada, e continuar meu texto, não é mesmo?
Neste texto como no de amanhã quero falar da raiva e da tristeza que to sentindo, porque falar, neste caso escrever, é mania de gente como eu, neurótica e depressiva.
Dizem que o tempo, e eu decidi agora achar também que a introspectividade de fechar-me em mim mesma, e substituir os amigos, seus olhos e atenção por estas palavras perdidas, sejam um bom consolo pra suportar a distância. Afinal...
Só quero que esta dor passe! Só preciso que meu estômago volte ao normal, e que eu consiga me perdoar por ser tão impulsiva! Assim, e só assim, a minha angustia pra dormir e a minha insônia de viver neste mundo tão desigual e injusto, perdido, mentiroso, insensato, despreparado, covarde e criador da minha inescrupulosidade vai poder novamente se tornar ao menos suportável!
Uma vez em uma conversa que pareceu até tola, se comparada a tantas outras que me fizeram crescer, uma pessoa que me ensinou muitas coisas, me disse que a vida e as pessoas são coisas que toleramos! ... e isto me fez pensar! E talvez demore muito tempo pra que eu esqueça esta conversa!
Hoje, acho que é isso mesmo, a vida e as pessoas são coisas que toleramos, e talvez nem seja por falta de escolha! 
Ou de perspectiva, mas sim de coragem!
 ... no meu caso tolerar a vida ou as pessoas é medo de ser vista como sou, é falta de sossegar a alma! Agora mais do que antes, é e será sempre a minha, e só minha falta de paz!